Tendências

Resident Evil 2 parece ir muito além da fácil nostalgia

Para muitos jogadores, Resident Evil 2 remake é "apenas" mais um promissor título de alto perfil agendado para o início de 2019, mas para uma legião de fãs, é quase um sonho tornado realidade - um possível épico de belas proporções. Resident Evil 2 é um autêntico clássico, em todo o sentido da palavra, um jogo que marcou a geração na qual foi lançado e um título que marcou muitos dos jogadores que percorreram aqueles assustadores corredores da esquadra de Raccoon City.

Mas Resident Evil 2 é especialmente importante por várias razões. Para vários adolescentes, Resident Evil 2 tornou-se numa referência e ajudou a traçar o seu perfil de gamer. Esse foi o meu caso e é por isso que o reservo como um dos meus favoritos de todos os tempos.
Resident Evil 2 foi lançado originalmente em Abril de 1998 na Europa, mas a minha jornada começou alguns meses antes. Enquanto orgulho dono de uma SEGA Saturn, estava encantado com as experiências que a companhia me apresentava e não sentia o desejo de comprar uma PlayStation. No entanto, depois de meses a reler os mesmos artigos nas revistas, foi no Natal de 1997 que recebi a minha consola da Sony para jogar Final Fantasy 7 e Resident Evil: Director's Cut, lançado em Dezembro de 1997.
A versão Director's Cut do primeiro jogo não tinha qualquer interesse, apenas queria jogar a demo de Resident Evil 2 que acabou por se tornar no grande trunfo desta edição. Cerca de 4 meses antes do lançamento do jogo completo, joguei incessantemente a mesma demo e de uma forma obsessiva transportava-me para aquela singular cidade em ruínas.
Só o simples facto de tentar desafiar o código na sequência na loja, antes de chegar à esquadra, já era motivo suficiente para jogar a demo. Graficamente, era um delírio. Na altura, em que um jogo vinha completo e durava meses seguidos, quem não se lembra do simples desafio de tentar fazer as coisas o mais rápido possível para ver se conseguia um desfecho diferente?
1
"O Remake parece ir muito mais além do que um simples e mero apelo nostálgico. Isso é o mais impressionante".
Resident Evil 2 dominava as conversas no recreio da escola, onde as revistas forneciam informações de um jogo tão épico que teria de ser apresentado em dois discos - isto era uma loucura na altura! A Capcom foi ainda mais longe e numa era onde a partilha de informação era mais restrita e propícia a criar mitos, surgiram conversas sobre como começar com Leon e depois jogar com Claire criava uma experiência repleta de diferenças se optasses pela ordem oposta - totalmente verdadeiro. O inimigo adicional que marcava o Cenário B (Nemesis) era incrível na forma como surgia inesperadamente (ansioso para ver como isto foi adaptado para o remake) e algumas revistas falavam ainda de armas especiais, modos extra e de Hunk - o quarto sobrevivente.
Isto é apenas um resumo do porquê de Resident Evil 2 ser verdadeiramente estratosférico, um jogo que marcou uma geração. Para uma faixa de jogadores, incentivou-os a procurar segredos, a explorar a fio o jogo, a tentar conseguir a melhor prestação, o melhor tempo, de forma a desbloquear todos os segredos. Muito possivelmente, só mesmo Metal Gear Solid e Final Fantasy 7 conseguiram tal feito na sua geração - quem não se lembra do quão inesperado foi descobrir que Yuffie poderia descobrir num encontro aleatório pouco após deixares Midgar (nem vale a pena começar a falar de Vincent!)
Resident Evil 2 foi e ainda é um jogo singular, verdadeiramente especial, sem qualquer outro que se possa comparar. Com Hideki Kamiya e Shinji Mikami no leme, é fácil ver o porquê de ser para muitos uma incontestável referência nos videojogos. É a pura brilhante qualidade do original que deixa os fãs entusiasmados com o remake e isto não é uma questão de saudosismo, é muito mais do que isso.
Acredito que seria injusto atribuir a excitação e antecipação em torno do remake apenas à nostalgia - especialmente porque a Capcom parece estar a ir além de uma recriação fiel, à procura de um equilíbrio entre novidade e original.
2
Num momento desta indústria em que os empolgantes indies recuperam géneros que pareciam perdidos e criam títulos que prestam homenagem a grandes clássicos da década de 80 e 90, poderá ser fácil sentir que a nostalgia está, mais do que nunca, na moda.

No entanto, a Capcom não parece estar a recorrer meramente ao saudosismo, parece estar a ir muito além disso, um dos factores mais importantes nos meses em que entramos no comboio do hype. Resident Evil 2 remake parece ser um título completamente atual, que reimagina um clássico para os dias de hoje - sem a momento algum perder a sua identidade.

Juntamente com Sekiro e Kingdom Hearts 3, Resident Evil 2 completa o meu trio de mais aguardados para 2019 e depois de Monster Hunter: World em 2018 e Resident Evil 7 em 2017, é bom ver que a Capcom continua em alta - sem esquecer Devil May Cry 5 em Março. É bom ver a companhia a recuperar o brilho, a tornar-se mais do que um meme sobre remasters e sequelas.

O melhor do que tenho visto neste remake de Resident Evil 2, especialmente nos vídeos mais recentes da Gamescom 2018, é a sensação de ver cenas de maior envolvimento cinemático, atuais e cheias de impacto, mas que ainda assim facilmente recordo do original. Ainda faltam alguns meses para descobrir se o entusiasmo é justificado, mas é muito bom ver que, tal como em 1997, os meses antecedentes ao lançamento estão envoltos em entusiasmo.

Postar um comentário

Nos deixe saber sua opinião...

Postagem Anterior Próxima Postagem
header ads
header ads
header ads