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Capcom Cup: Keoma e “PauloWeb” criticam ausência de brasileiros no torneio e falta de apoio a jogos de luta

Pela primeira vez em 5 anos, torneio não teve competidores do país.

No domingo (16), a Capcom Cup mais uma vez reuniu os melhores jogadores de Street Fighter V do ano. No entanto, a edição de 2018 do torneio trouxe uma novidade ruim para os brasileiros. Pela primeira vez desde 2013, nenhum representante do país conseguiu vaga para o torneio.

O cenário nacional de SFV tem competidores com bons resultados a nível internacional, mas isso não tem sido o bastante para garantir a participação mais frequente de atletas daqui em grandes eventos fora do país. E isso, na avaliação de dois dos principais jogadores brasileiros da atualidade, teve impacto direto na dificuldade em alcançar a pontuação necessária para uma vaga direta na Capcom Cup.

Fim da cultura de fliperama

Keoma Pacheco é o brasileiro que foi mais longe na história da competição, alcançando em 2015 o top 8 no torneio de Ultra Street Fighter IV. Em 2018, foi campeão do Treta Championship, um dos mais tradicionais eventos de jogos de luta do Brasil, vice-campeão da Brasil Premier League – que, apesar da premiação de R$ 5 mil para o campeão, não conta pontos para a CPT – e top 4 no Jam Festival, em Brasília.

Embora tenha participado de poucos eventos do circuito mundial de Street Fighter V em 2018, Keoma diz que a dificuldade em obter patrocínio para jogadores e torneios permanece sendo o maior obstáculo para a profissionalização dos jogos de luta.

“Com certeza há algo muito errado na dificuldade de expor os jogadores de fighting games. Sem investimento e visibilidade, tudo fica muito mais difícil. Os torneios que temos aqui e contam pontos pra CPT só existem por causa dos jogadores e de uma galera muito apaixonada que faz a coisa acontecer”, disse Keoma.

Ele destaca que a falta de apoio aos jogos de luta não tem relação com o desempenho dos jogadores brasileiros e critica a estrutura da Capcom Pro Tour, principalmente na distribuição de pontos entre torneios online e presenciais e ao fato dos jogadores precisarem bancar do próprio bolso viagens e hospedagem se quiserem disputar torneios fora do país.

“É ridículo que um torneio online distribua a mesma quantidade de pontos que um evento presencial. Isso desvaloriza completamente o esforço de quem organiza esses eventos. Eu já fui top 8 da Capcom Cup, o ‘Brolynho’ tem vários títulos de CPT, foi top 10 e venceu vários jogadores tops do cenário, mas nada disso adiantou para melhorar o cenário daqui”, ele comenta.

“Se precisarmos disputar um torneio em Lima ou em Bogotá, por exemplo, temos que bancar viagem e hospedagem do nosso bolso. E os gastos podem ser maiores do que as premiações desses eventos”, desabafa Keoma.

Se não tivesse gente como o Giovane Lurezonski, que criou o Treta, e o ‘Brolynho’, que organiza o Fight in Rio todo ano, os eventos oficiais daqui morreriam em 10 segundos. Já passou da hora de abandonar essa cultura de fliperama, que só existe nos jogos de luta, e profissionalizar o cenário”.

Domínio dominicano

Outro problema é a própria dificuldade dos brasileiros treinarem, fora dos grandes torneios, com outros jogadores que integram a elite do Street Fighter. E a principal razão é a falta de estabilidade nos servidores brasileiros. Para Keoma, essa é uma vantagem dos jogadores da República Dominicana, atualmente o país latino-americano mais forte em Street Fighter V.



Em 2017, a Capcom Cup foi vencida pelo dominicano Saul “MenaRD” Mena, que derrotou na grande decisão Hajime “Tokido” Yaniguchi, líder do ranking mundial nas últimas duas temporadas da CPT. Em 2018, Christopher “Caba” Rodrigues foi outro destaque do país. O jogador foi top 8 na última EVO, conquistou três títulos da CPT e foi top 10 no ranking mundial.

“A República Dominicana é um país pequeno e todos os jogadores se reúnem sempre para jogarem uns com os outros. Como eles são muito bons e estão sempre fazendo esse intercâmbio, o nível do jogo no país sobe como um todo”.

" Aqui no Brasil, os nossos melhores jogadores estão espalhados. Eu fico no Rio Grande do Sul, onde a cena está morta e é praticamente impossível jogar online. O ‘Brolynho’ fica no Rio, o ‘Shingolex’ é da Bahia, isso só para citar alguns casos”, explica o jogador.

“Para piorar, só temos um evento Premier [torneio que rende pontuações mais altas dentro da Capcom Pro Tour] no ano, enquanto os americanos, europeus e japoneses disputam vários desses torneios e somam muito mais pontos ao longo do ano. Isso vale até mesmo pra quem não ganha nenhum torneio, mas consegue ficar pelo menos no top 8 com regularidade”.

Profissional não, competitivo

Paulo Júnior, ou simplesmente “PauloWeb”, é outro jogador brasileiro que teve bom desempenho em competições nacionais em 2018, com os títulos do Fight in Rio e da Brasil Premier League, mas passou longe de disputar uma vaga na Capcom Cup.

O jornalista, que em 2017 criou um curso online para ensinar jogadores que desejam melhorar seu nível de jogo em Street Fighter, questiona o uso da expressão jogador profissional quando o assunto são jogos de luta no Brasil.

" Se ser profissional é disputar torneios oficiais e ter uma rotina de treino diário para esses campeonatos, então eu sou. Mas se você fala de profissionalismo de fato, com jogadores podendo se sustentar seguindo essa carreira, estamos longe disso. Eu prefiro dizer que sou um jogador competitivo”, ele esclarece.

“PauloWeb” enxerga que a falta de intercâmbio frequente com outros cenários, causada pela ausência brasileira em praticamente todos os campeonatos Premier de Street Fighter V ao redor do mundo, é o principal obstáculo para que mais jogadores daqui se destaquem internacionalmente.

“Quase sempre que os brasileiros jogam lá fora eles mostram um jogo de alto nível, mas isso nunca fez os games de luta receberem apoio por aqui. Sabemos que não é um problema exclusivo dos jogos de luta. Vários outros eSports no Brasil sofrem desse problema. Mas nos jogos de luta é ainda mais raro ver alguma empresa ou organização investindo. Por isso, a maioria dos jogadores brasileiros nunca sai do país”, comenta.

Ao comentar o crescimento da cena dos jogos de luta na República Dominicana, “PauloWeb” lembra que a maior proximidade com os Estados Unidos e o apoio mais sólido de organizações de eSports tiveram um papel determinante para que “MenaRD”, “Caba”, ambos atletas da Rise Nation, e outros jogadores tenham despontado no cenário.

“Como eles estão bem mais próximos dos Estados Unidos e lá há vários eventos Premier ao longo do ano, os dominicanos estão sempre enfrentando os melhores do mundo, algo que não temos aqui. Além disso, as organizações começaram a investir nos atletas de lá nos últimos anos”, comenta “PauloWeb”, que não enxerga grandes mudanças na cena dos jogos de luta no Brasil em 2019.

"Eu pretendo participar do máximo de campeonatos que puder no Brasil no ano que vem, mas é impossível  fazer qualquer plano hoje sobre torneios fora do país, pois não vejo nenhuma grande mudança para melhor”, avalia o jogador.

Fonte: GamesSpoot

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