Mais do que imitar Souls, consegue as suas próprias ideias.
Blades of Fire da espanhola MercurySteam é o mais recente esforço do lado indie da indústria pronto para colocar em risco as percepções que muitos ainda têm sobre esta indústria, mais especificamente sobre a escala de projetos de estúdios mais pequenos. Semanas após Expedition 33 da francesa Sandfall Interactive despertar grandes elogios em todo o mundo, já temos mais uma produtora europeia a dar que falar. Principalmente pela forma como consegue refrescar conceitos existentes com a sua interpretação das principais mecânicas e jogabilidade de experiências já conhecidas.
Esta nova propriedade intelectual de uma produtora conhecida pelos seus jogos Castlevania e Metroid mostra bem o espírito guerreiro e criativo dos nossos vizinhos, arriscaram num jogo de ação e aventura com uma principal mecânica muito específica que o diferencia dos populares jogos Soulslike, mesmo que use algumas das suas ideias.
Blades of Fire é um jogo no qual a experiência faz pensar nos jogos da FromSoftware, onde cada inimigo é um duelo desafiante capaz de te derrotar, mas não existe XP a ganhar para subir de nível ou perder quando és derrotado. O receio de perder itens importantes ou XP está presente em Blades of Fire, mas conectado a um dos principais elementos da jogabilidade, as armas.
A importância das armas como faceta principal da jogabilidade
A MercurySteam imaginou uma espécie de Soulslike no qual as armas são realmente o elemento principal da jogabilidade, é isto que o diferencia de praticamente todos os outros jogos similares. Aqui, tens de forjar as tuas próprias armas e “cuidar” delas, uma vez que todas as mecânicas de jogabilidade e design estão centradas neste elemento, as armas.
No papel de Aran de Lira, tens de usar o seu martelo sagrado para criar armas de aço, algo incrivelmente raro pois a Rainha transformou todo o aço em pedra e não resta quem seja capaz de criar armas ou manipular o aço. Na tua jornada até assassinar a Rainha, passas por vários locais e tudo o que tu fazes está centrado em obter formas de forjar novas armas ou criar versões mais poderosas das que já conheces.
As armas estão em primeiro lugar em todos os aspectos de Blades of Fire. Se morres, tens de ir recuperar a arma no local onde perdeste, o uso gera desgaste e tens um número limitado de vezes que podes recuperar a arma, o que está relacionado com a tua habilidade no momento de a forjar. São precisas armas de diversos tipos para inimigos específicos, tal como um uso eficaz de cada.
Combate que exige atenção
Apesar da qualidade gráfica frequentemente deixar a desejar, sensação que falta refinamento aos controlos e que a narrativa não está implementada de uma forma que cative, a verdade é que Blades of Fire surpreende ao conseguir transmitir a sensação que o que tem de bom é superior ao que não consegue fazer melhor. Especialmente com a ajuda do sistema de combate.
Os diferentes inimigos exigem armas específicas e observar com atenção as informações associadas à mira bloqueada para saber em que partes do corpo deves acertar. Usar armas não indicadas ou acertar em pontos não que não estão a verde desgasta imenso a arma, o dano causado é mínimo e a barra de Stamina rapidamente esgota com estes comportamentos inúteis.
A MercurySteam esforçou-se para transformar as armas no centro da experiência e deves ter respeito pela forma como as usas e pela sua gestão. Derrotar inimigos permite obter recursos para fabricar novas armas, derrotar um determinado número de um tipo específico de inimigos permite obter pergaminhos para criar novas armas, e descobrir materiais de maior valor eventualmente permite criar armas mais poderosas.
O ciclo de jogabilidade centra-se no uso eficaz das armas, importante para derrotar mais rapidamente os inimigos com menos desgaste das armas, para evitar melhorá-las rapidamente ou ter de criar novas com demasiada frequência, correndo o risco de ficar sem recursos.
Uma interpretação interessante de conceitos existentes
Blades of Fire é mais um momento altamente interessante para as produtoras indie, mais especificamente para a espanhola MercurySteam. É um jogo cujas virtudes lhe permitem ir muito além do que seria de prever, tendo em conta as suas fragilidades, que se diferencia pela sua interpretação de mecânicas e designs já bem estabelecidos. Mais do que copiar diretamente os jogos Soulslike da FromSoftware, Blades of Fire baralha as mecânicas e consegue diferenciar-se.