Fundador da Arkane Studios diz que o Game Pass é insustentável

 "Tem vindo a prejudicar a indústria há uma década."

Raphaël Colantonio, fundador da Arkane Studios e criador de jogos como Dishonored e Prey, criticou abertamente o modelo Xbox Game Pass, afirmando que é “insustentável” e que tem prejudicado a indústria dos videojogos há cerca de uma década. Num comentário publicado nas redes sociais, Colantonio questionou porque é que ninguém fala sobre o “elefante na sala” e apontou o Game Pass como sendo alimentado apenas pelos recursos quase ilimitados da Microsoft. De acordo com o criador, este modelo acabará por eliminar os outros formatos de distribuição ou deixará de ser viável.



Michael Douse, diretor editorial da Larian Studios, juntou-se à discussão com uma análise semelhante. Douse explicou que uma das principais preocupações que circulam na indústria é o que vai acontecer quando os investimentos deixarem de ser tão generosos. Também sublinhou que a ideia de “dinheiro infinito” da Microsoft nunca fez sentido a longo prazo. Embora reconheça que o Game Pass pode ser útil para reduzir os riscos em pequenos projectos, diz que este benefício é limitado.

Um dos principais problemas apontados por ambos os gestores é a chamada “canibalização” das vendas. Quando um jogo é lançado diretamente no Game Pass, os utilizadores não o compram diretamente, o único pagamento vem da Microsoft, que financia a sua inclusão no catálogo. Douse acrescentou que prefere o modelo de “gestão do ciclo de vida” adotado pela Sony, em que os jogos são lançados a preço total e mais tarde entram nos serviços de subscrição. Para Colantonio, o Game Pass só faria sentido se fosse utilizado exclusivamente para jogos mais antigos, evitando interferir com os períodos iniciais de venda.

Estas declarações chegaram numa altura difícil para a divisão de jogos da Microsoft. Em 2024 e 2025, a empresa iniciou uma série de reestruturações internas, nomeadamente o encerramento de vários estúdios, incluindo Tango Gameworks, Arkane Austin e Alpha Dog. Além disso, projectos como o Everwild da Rare, um novo MMORPG da ZeniMax Online e o reboot de Perfect Dark também foram cancelados. A Rare e outras equipas sofreram também saídas históricas e uma reconfiguração das suas estruturas internas.

A atual crise na divisão Xbox acentua as dúvidas que Colantonio e Douse expressaram sobre a sustentabilidade do modelo Game Pass, especialmente no que diz respeito ao financiamento consistente e à capacidade de competir com outros modelos de negócio. O cancelamento de projectos ambiciosos e os cortes nos estúdios vêm confirmar os receios quanto à dependência de um capital ilimitado que pode acabar por se esgotar.

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