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God of War Ragnarok review - A sequencia que dá aos fãs mais do que podiam esperar.

 Épico, emocional e duradouro. Uma viagem alucinante pela mitologia nórdica que vai além do que podíamos esperar.

Há quatro anos o estúdio de Santa Monica iniciou um importante capítulo na saga de God of War que nos levou para uma nova mitologia. Em vez de seguir o caminho fácil e de simplesmente colocar Kratos a chacinar todos os deuses que lhe apareciam à frente, o estúdio deu profundidade e maturidade à personagem. No papel de pai, e consciente de que perseguir vingança a todos os custos tem graves consequências, vimos Kratos a mudar lentamente para se tornar numa melhor figura paternal para Atreus. Diz-se que vemos o mundo de uma nova perspectiva depois de sermos pais. Para Kratos, isso não aconteceu da primeira vez, mas certamente aconteceu da segunda.


O final do jogo anterior criou por si só grandes expectativas para a continuação. Se nunca jogaste God of War (2018), então faz um favor a ti mesmo e vai jogar. Ragnarok tem um pequeno resumo no menu principal que podes consultar a qualquer altura, mas isso serve mais para avivar a memória de quem jogou do que explicar o que realmente aconteceu. Há demasiados pormenores e momentos valiosos que ficam de fora. É impossível apreciar verdadeiramente Ragnarok sem o jogo anterior, porque são basicamente dois capítulos do mesmo livro. Um não faz sentido sem o outro.

Muitas palavras têm sido escritas sobre se Ragnarok é uma verdadeira sequela ou meramente uma versão do mesmo jogo com pequenas melhorias. Olho para esse tema da seguinte forma: Ragnarok é tanto uma sequela de God of War (2018) como God of War 2 foi para God of War (2005). A jogabilidade está, como seria de esperar, assente nos mesmos pilares do jogo anterior, mas há várias novidades. Uma delas, e deixem-me tirar já o elefante do meio da sala, é que não jogas apenas com Kratos. Em múltiplos momentos jogas com Atreus, que tem as suas próprias habilidades e mecânicas em combate.

Estamos predestinados ou fazemos as nossas próprias escolhas?

Ragnarok começa uns anos depois do jogo anterior. O Fimbulwinter chegou, Kratos e Atreus estão a treinar mais do que nunca para estarem preparados para as potenciais ameaças de Asgard. Atreus já não é um miúdo assustado e os seus poderes de deus começam a despertar. Sem Kratos saber, tem escapado e feito pequenas aventuras. É um autêntico adolescente, que começa a querer alguma independência do seu pai e a guardar segredos. Mas claro, ser um adolescente que é metade gigante metade deus, e ainda por cima ter Asgard como potencial inimigo, é bem mais complicado.

O dilema que a narrativa coloca, e que Kratos e Atreus descobrem juntos, é se estamos predestinados desde o dia que nascemos ou, se pelo meio, podemos fazer as nossas próprias escolhas e alterar o nosso destino. Não vou dizer mais nada porque é difícil falar da história sem começar a revelar coisas importantes e que merecem permanecer em segredo até que tu as descubras. O que posso dizer é que temos em mãos um jogo épico com uma história poderosa e envolvente. Cada segundo é um maravilhoso festim para os fãs de God of War e assistir à evolução de Kratos e Atreus em Ragnarok (e outras personagens) foi muito mais do que podia esperar.

Explora os 9 reinos

God of War Ragnarok deixa-te explorar pela primeira vez os 9 reinos da mitologia nórdica. No jogo anterior, só podias explorar 6. Não querendo desmerecer o tamanho do jogo - e não te enganes, Ragnarok é um jogo gigantesco - nem todos os reinos têm as mesmas oportunidades de exploração. Vanaheim e Svartalfheim são muito maiores do que os restantes e têm muito mais para descobrir. Outros reinos presentes no anterior, como Helheim, estão bastante mais pequenos. Muspelheim está também de volta e, novamente, é um reino centrado em desafios de combate, mais virado para a recta final ou endgame.

A deslocação faz-se de barco em alguns reinos, noutros é de trenó puxado por lobos. A construção dos vários reinos está feita na maioria das vezes com uma área central, que depois se divide em pequenos caminhos afluentes em múltiplas direções. A estrutura / progressão é familiar para quem jogou o anterior. Em quase todos os reinos há objetivos secundários para completar. Algumas áreas e segredos não estão disponíveis imediatamente, porque há habilidades essenciais que só são desbloqueadas mais adiante.

A exploração compensa. Vais desbloquear mais recursos, armaduras e acessórios para armas, o que te permitirá estar mais preparado. Mesmo na dificuldade intermédia, God of War Ragnarok tem confrontos desafiantes (sobretudo associados a objetivos secundários) e dei por mim, mais do que no anterior, a prestar atenção a todos os pormenores da minha build. Combinando diferentes peças de armadura, acessórios para as armas, escudos (sim, agora também podes escolher a tua defesa) e as runas de um cinturão, é possível alterar drasticamente os efeitos em combate.

A jogabilidade e a questão da câmara

Não gosto de estragar surpresas, mas no caso de Ragnarok, é difícil falar da jogabilidade sem referir duas novidades porque, de facto, são as coisas que distinguem esta sequela do anterior. A primeira é que jogas com Atreus e a segunda é a nova arma de Kratos. No caso de Kratos, há novidades como novos ataques e habilidades para o Leviathan Axe e Blades of Chaos, mas em termos de sensação, é praticamente igual ao jogo anterior.

Um novo elemento a ter em consideração é o escudo. No jogo anterior, não fazia parte da equação na personalização. Em God of War Ragnarok há vários escudos para escolher e as diferenças não são meramente estéticas, cada escudo tem uma habilidade diferente. Há também uma nova mecânica associada ao escudo, que é activada quando carregas L1 duas vezes seguidas. Esta mecânica serve sobretudo para quebrar a defesa dos adversários - nas fases mais avançadas do jogo, não basta metralhar nos botões de ataque.

Na questão da câmara, não há muito a dizer. Em situações de combate com três ou mais inimigos em simultâneo, é difícil de gerir devido à sua aproximação à personagem. É verdade que nas definições da câmara podes ajustar alguns parâmetros, mas não encontrei nada que me satisfaça completamente. Mesmo em combates com um só inimigo, se este tiver a capacidade para se deslocar rapidamente ou desaparecer e aparecer noutro lado, é fácil perder momentaneamente a noção... vais andar desesperadamente com a câmara à roda.

Atreus

Sei que muitos consideram isto um spoiler, mas é impossível falar de God of War Ragnarok sem mencionar que jogas com Atreus... é uma parte considerável do jogo. Não é uma escolha arbitrária, ao longo da narrativa há trocas programadas de personagem em que passas de Kratos para Atreus. Tal como disse antes, já não é um miúdo assustado e isso nota-se em combate. Atreus é forte, ágil, tem várias magias ao seu dispor, e arrisco-me a dizer que é mais versátil do que Kratos por conseguir atacar ao longe e ao perto com o seu arco (ele usa o arco como arma de corpo-a-corpo).

Jogar com Atreus é sensacional e a principal novidade na jogabilidade de God of War Ragnarok. Atreus tem a sua própria árvore de habilidades, contudo, a sua armadura apenas tem fins estéticos. Na recta final, tens 5 conjuntos de armadura / roupa para Atreus, mas nenhuma aumenta ou diminui a sua eficácia em combate. Não é que ele precise de ajuda. Com o seu arco e flecha, se acertares sucessivamente na cabeça de um inimigo, ficará rapidamente tonto e aberto a um ataque finalizador.

God of War Ragnarok é o primeiro jogo da série em que o foco não está constantemente em Kratos. Atreus tem os seus próprios momentos e finalmente começa a sair da sombra do seu pai. Isso é fantástico e mostra mais uma vez que o estúdio de Santa Monica não tem medo de arriscar e de levar a série para outros horizontes. Portanto, para quem se questionava se Ragnarok seria meramente uma expansão ou DLC do primeiro, podem ficar descansados. É uma sequela, e como o anterior de 2018, dá importantes passos para garantir que a saga continuará forte.

Um festim visual

A maior diferença na PS4 e PS4 Pro está na framerate. Graficamente, não ficam muito distantes da PS5.

Não creio que o choque será tão grande como God of War de 2018, mas Ragnarok não desilude neste campo. O jogo está repleto de paisagens que graças aos ricos detalhes nos transportam directamente para a mitologia nórdica. Ainda não há modo fotográfico, mas fartei-me de tirar capturas de ecrã usando a ferramenta da PS5 tal era a beleza de algumas cenas. É precisamente nos detalhes que Ragnarok supera o anterior. Tudo está mais decorado e os pormenores saltam à vista. Joguei a maior parte do tempo em modo desempenho, VRR activado. No modo de resolução ganhas, de facto, resolução maior, porém, em Ragnarok a jogabilidade reina e o compromisso que ocorre na framerate não vale a pena.

Mais do que a qualidade visual, o que mais me impressionou em Ragnarok é a cinematografia. O jogo não é um filme, longe disso, mas quanto te retira o controlo para passar uma sequência narrativa, prepara-te para ficar deslumbrado. Digo isto porque há jogos em que as sequências narrativas têm pouco impacto e tens imediatamente vontade de voltar a jogar ou passar aquilo à frente. Em Ragnarok, as sequências narrativas deixam-te mais imerso e ansioso para a parte jogável que vem a seguir. Já agora, a título de curiosidade, há pouquíssimos QTEs, seguindo a tendência estabelecida pelo anterior.

Sobre a dublagem em português

Embora nunca haja nada igual às vozes originais, habituei-me muito facilmente às vozes em português. Nem todas as vozes assentam que nem uma luva nas personagens, mas na maioria dos casos não está mal de todo. Quem jogar em português não vai se arrepender, Ricardo Juarez e Felipe Volpato, dão um Show!

Um jogo épico


Acho que não existe melhor forma de descrever Ragnarok. É um jogo épico em todos os sentidos. O jogo anterior impressionou pela forma como se renovou, este produz o mesmo efeito pela forma como dá continuidade ao seu legado. Será que corresponde às elevadas expectativas? A resposta estará sempre envolta em subjetividade. Enquanto fã de longa data de God of War, para mim correspondeu; em algumas coisas até excedeu. Para chegar ao final demorei 33 horas. Não tive pressa nenhuma porque estava a saborear cada minuto.

Os colossais confrontos de Kratos com as personagens da mitologia nórdica vão entrar directamente para os mais memoráveis da série, mas acho que, em última instância, o que realmente vai sobressair é a relação entre Kratos e Atreus, e como os dois evoluem ao longo dos acontecimentos de Ragnarok. Há momentos que me trouxeram uma lágrima ao olho, o que parece paradoxal para uma série que, não vai assim há tantos anos, não tinha nada disso. A violência continua em níveis extremos - há muitas cabeças esmagadas, não te preocupes - mas Ragnarok vai muito mais além.

Colocando de parte a história, que em Ragnarok é a joia da coroa, é um jogo fantástico em todos os outros sentidos. Há uma quantidade inesperada de conteúdo, ainda mais do que no anterior. Os créditos rolam, mas a aventura continua depois. Há desafios de combate que vão testar as tuas habilidades e sinergia da tua build. Alguns dos objetivos secundários apresentam pequenas histórias interessantes, que vão além do habitual conteúdo repetitivo. Quando chegas ao final, sobra vontade para jogar mais.

Prós:Contras:
  • Uma história épica, emocional e que nos ensina algo
  • A jogabilidade foi afinada e traz uma grande novidade
  • Os combates continuam brutais e, alguns casos, muito desafiantes
  • Podes visitar os 9 reinos e alguns deles são enormes
  • Os confrontos com os "bosses" vão deixar-te a delirar
  • Tens mais liberdade e opções na personalização e evolução de Kratos
  • Há paisagens tão bonitas que vais pousar o comando
  • A câmera não é ideal em todas as situações

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