Ninja Gaiden 4 review - Found Ninja Aside

 Ação japonesa eletrizante.

Ninja Gaiden 4 é uma espécie de sonho para mim, um videojogo produzido por uma das minhas produtoras preferidas, a Team Ninja, numa colaboração com uma das mais eletrizantes produtoras japonesas da última década, a PlatinumGames. Ver a criadora de Dead or Alive e Nioh, a mesma produtora que ressuscitou Ninja Gaiden para a era 3D, a colaborar com a produtora de Bayonetta, Astral Chain e NieR: Automata, entre muitos outros, é algo vindo dos mais empolgantes sonhos dos amantes da ação japonesa.

Com a ajuda da Microsoft, esse sonho tornou-se realidade e após terminar Ninja Gaiden 4, sinto que a experiência preenche quase em pleno todo o entusiasmo que gerou entre os fãs dos jogos de ação de ambas as produtoras, mesmo que deixe a desejar em alguns requisitos, especialmente nos visuais. Não falo da qualidade das texturas ou efeitos (que também merecem críticas), mas sim do design visual que prejudica a experiência. No entanto, o maior prazer é confirmar o quão empolgante e desafiante Ninja Gaiden 4 é e como posiciona a PlatinumGames para um forte regresso à boa forma.

Tendo em conta que nos últimos dez anos a produtora desacelerou imenso o ritmo de lançamentos: NieR: Automata de 2017, Astral Chain de 2019, e Bayonetta 3 de 2022 são os seus grandes lançamentos nos últimos 8 anos e parecem relíquias de uma outra era, a PlatinumGames mostra que ainda tem eletricidade no sangue. É precisamente isso que torna Ninja Gaiden 4 num jogo que devemos estimar.

Yakumo e Ryu Hayabusa

Para posicionar Ninja Gaiden 4 para uma nova era, especialmente importante pois passaram 12 anos desde o mais recente novo jogo original na série, a Team Ninja não se importou de injectar o ADN da PlatinumGames na sua franquia. O resultado é Ninja Gaiden turbinado com eletricidade para figurar como um grande prazer de jogar, mesmo com alguns níveis e bosses menos empolgantes. Parte dessa missão de ressuscitar a série passa pelo uso de dois protagonistas: Yakumo e Ryu Hayabusa, que parecem representar as duas produtoras.

Durante as mais de 10 horas necessárias para terminar em Normal, com imensas mortes pelo meio devido à teimosia de não querer desperdiçar itens e “recompensar” os meus erros ao falhar esquivas ou contra-ataques, 8 dessas horas são com Yakumo e apenas 2 com Ryu, mas sentes bem a diferença. Narrativamente, as suas jornadas estão interligadas. ambos estão numa missão de purgar definitivamente o maléfico dragão que ainda é uma ameaça para a humanidade, mas há imenso mistério no enredo e claro, personagens muito mal aproveitadas pois a ação é o prato principal. Nisso, no combate, exibem pequenas diferenças e duas interpretações da ação japonesa.

Jogar com Ryu é simplesmente espetacular, fatia tudo mais rapidamente do que Yakumo para despoletar aquele finisher violento e visceral, é mais rápido, e é como jogar Ninja Gaiden ou Ninja Gaiden 2 a 200 à hora. No entanto, na maioria do tempo jogas com Yakumo, mais lento do que Ryu, que demora mais tempo a fatiar o adversário para ativar o finisher, o que exige maior precisão e atenção aos movimentos dos inimigos. Yakumo é o principal protagonista e é com ele que jogas a maioria do tempo, por isso precisa de ser e é eletrizante, especialmente com a nova forma Bloodraven a expandir combos e a dinamizar os contra-ataques. Existe profundidade e estratégia neste jogo de ação.



O combate exigente da Team Ninja com a eletricidade Platinum

Ninja Gaiden 4 é uma experiência de ação absolutamente eletrizante, na qual estás constantemente a sentir-te pressionado a não falhar, uma vez que o erro é pago caro, mesmo em Normal. O prazer que sentes quando te desvias ou efetuas uma defesa no momento perfeito é tanto, que vais querer jogar cada vez melhor, a diversificar combos e usar várias armas, para alcançar a melhor pontuação e escapar aos confrontos ileso para não gastar itens de cura.


Este é o verdadeiro prazer de Ninja Gaiden 4, é a manifestação da metodologia de duas reputadas casas japonesas no género de ação, que se uniram de forma a transportar a série para uma nova era. Esta é uma mistura pujante e convincente entre a Team Ninja e a PlatinumGames pois é fácil sentir que estás a jogar um Ninja Gaiden, mas ao mesmo tempo sentes aqui uma energia diferente, uma eletricidade tão própria da PlatinumGames.

Ninja Gaiden 4 é uma simbiose entre as duas produtoras e as suas interpretações para um jogo de ação frenética. O combate e a deslocação entre níveis permanece familiar aos fãs da Team Ninja, mas é uma experiência muito mais veloz e furiosa como os fãs da PlatinumGames conhecem. Isto resulta num jogo no qual tens de atacar, prolongar e ramificar combos para enfrentar grupos de inimigos de forma a não sofrer dano, o que frequentemente significa ir para as alturas onde eles não te chegam. No entanto, não é possível jogar a martelar botões pois tens de estar sempre atento ao posicionamento dos inimigos, para aprender os ritmos e fluir dos seus movimentos para saber quando atacar e quando proteger ou desviar.

É um jogo que exige imenso da tua atenção e reflexos, no qual sentes uma enorme descarga de dopamina quando tudo corre na perfeição. Ninja Gaiden 4 é um jogo que podes considerar mais fácil do que os anteriores se fores veterano da série, mas é na mesma difícil se não quiseres desperdiçar itens. Comprar novos significa gastar os mesmos pontos que vais precisar para adquirir melhorias importantes. Seja melhorar a defesa e contra-ataque, adquirir novos combos ou melhorar a forma Raven de Yakumo, quanto melhor jogas, mais pontos acumulas e mais melhorias podes comprar.

Apesar do design linear, existem diversos momentos nos quais podes seguir por caminhos alternativos para encontrar desafios opcionais altamente exigentes, talvez mais exigentes do que muitos dos bosses obrigatórios, mas valem bem a pena e ajudam-te imenso na economia. Especialmente porque o melhor de Ninja Gaiden 4 é quando estás a combater e não passas muito tempo sem estar em combate.

Além de injetar a sua eletricidade no design de combate de Ninja Gaiden 4, a PlatinumGames merece elogios por respeitar a essência da série, que permanece intacta. O combate é mais rápido, tens a forma Bloodraven para contra-ataques a golpes específicos dos inimigos, tens a barra ultimate (aquele estado poderoso temporário que podes usar para derrotar os inimigos de imediato ou tirar imenso dano aos bosses) e tens segmentos de deslocação dinâmica a planar ou deslizar por carris, mas é na mesma um Ninja Gaiden de coração, com combate preciso e de ritmo que castiga imenso o erro.

Um detalhe muito importante é a possibilidade de trocar rapidamente entre as 4 armas de Yakumo (Ryu tem apenas uma), o que ajuda a reagir rapidamente a diferentes inimigos e a diversificar ainda mais os combos de forma muito fluída.

Design visual pobre

Ninja Gaiden 4 é um jogo absolutamente imprescindível para fãs de jogos japoneses de ação, especialmente porque a PlatinumGames assegura-se que o universo sensual e empolgante criado pela Koei Tecmo ganha um novo dinamismo. No entanto, onde as duas produtoras deixam a desejar é no design visual do jogo e no polimento, mais especificamente nas frequentes quedas na resolução para manter o desempenho.

Num jogo de ação rapidíssima como este, manter a precisão e integridade dos controlos é o mais importante, mas tendo em conta o design extremamente linear do jogo e a simplicidade visual dos cenários, seria de esperar um melhor desempenho da resolução dinâmica. No entanto, existem quedas constantes e óbvias a meio dos combates que podem dificultar a leitura do que se passa na imagem.

O trabalho de câmara está desenhado para te dificultar a vida, os inimigos atacam quase sempre pelas tuas costas e a câmara insiste em rodar para te reduzir a visibilidade dos movimentos dos inimigos. Não parece algo deixado ao acaso, parece totalmente propositado. Mesmo com o recurso ao lock-on, na esmagadora maioria do tempo foi frequente sentir dificuldades em acompanhar toda a ação e as multidões de inimigos sempre a atacar pelas costas.

No entanto, o grande problema de Ninja Gaiden 4, diria até que é o único realmente sério, é a sua identidade visual. Esta metrópole futurista coberta de nuvens escuras é o palco da maioria da ação e com a exceção de alguns níveis, Ninja Gaiden 4 transmite a sensação que estás sempre no mesmo sítio. Mesmo com frequentes saltos entre dimensões e ocasionais passagens por locais diferentes, é fácil sentir cansaço visual na experiência Ninja Gaiden 4.

O número de inimigos é reduzido, são repetidos cansativamente segmentos em carris ou a voar, os níveis com Ryu decorrem nos mesmos locais que já visitaste com Yakumo e os bosses são exatamente os mesmos. É um jogo no qual alguém pode sair da sala quando estás num nível e nem vai perceber se já estás noutro quando regressar.

Conclusão

Quando o relógio marcou 10h32 minutos de jogo, os créditos tinham acabado e estava a ser informado que foram desbloqueados mais desafios opcionais, a seleção de capítulos, nova dificuldade extrema, e ainda a possibilidade de jogar todo o jogo com Ryu Hayabusa. Fiquei com um sorriso na face pois a jogabilidade com Ryu é muito mais divertida. A verdade é que a jogabilidade tem um impacto positivo que é muito mais forte do que o impacto negativo causado pelo aborrecido design visual.

Ninja Gaiden 4 glorifica a essência eletrizante da série da Team Ninja, um jogo de ação precisa com lutas intensas, que testam os teus reflexos, conhecimento das mecânicas, e ainda dos combos com várias armas. Ao recrutar a ajuda da PlatinumGames, a Team Ninja consegue um tom ainda mais frenético e com mais estilo, o que torna os combates incríveis. Ninja Gaiden 4 falha em quase tudo no design visual, mas brilha na jogabilidade e na exigência dos seus sistemas, mostrando que a PlatinumGames ainda sabe o que faz.

Prós:Contras:
  • Jogabilidade rápida e eletrizante
  • Algumas boss fights empolgantes
  • Combates que testam reflexos e reações
  • Um ritmo de jogo halucinante
  • Design visual fraco
  • A maioria dos bosses deixam a desejar
  • Imensas secções em carris que cansam

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